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Crônica: Castelo Rá-Tim-Bum e o Brasil das Fachadas

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  Ah, meus amigos, o “Castelo Rá-Tim-Bum”! Esse monumento à imaginação, esse colosso de fantasia e inteligência, ergueu-se na TV brasileira como um protesto silencioso contra a burrice e o desleixo. Onde mais um rato falante podia nos ensinar ciências e um bruxo desajeitado fazia magia sem humilhar a inteligência de ninguém? Era um Brasil que ainda sabia contar histórias, que ainda tinha vergonha na cara. O "Castelo" não subestimava a criançada, nem despejava narrativas vazias com rótulos de educativas. Ali havia história, havia criação, havia algo que se podia chamar de arte. E olhem onde estamos agora! Vivemos uma era de fachadas, meus caros. A novela, que já foi a crônica do nosso povo, cheia de amores mal-resolvidos e traições épicas, virou um desfile de personagens sem substância. Peguem, por exemplo, "O Rei do Gado": uma história simples, é verdade, mas impregnada de amor, de luta, de Brasil. A novela era bruta, feita de carne e osso, cheia de gente que amava

Crônica: "A Tragédia do Emprego Moderno: E o Pobre Brasileiro, Perdido Entre Burocracias e Boas Intenções

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Ah, o emprego nos tempos modernos! Eu diria que estamos assistindo a um drama de proporções épicas, tão trágico e paradoxal quanto um clássico grego – mas ambientado nos labirintos do RH e nas filas do SINE. No Brasil, o trabalhador enfrenta um espetáculo kafkiano, onde é cobrado a ser ao mesmo tempo prodígio e conformado, jovem e experiente, obediente e criativo – tudo com o salário de uma nota de três reais. Imagine, então, o pobre diabo. Cansado de se aventurar entre vagas mal pagas e promessas de crescimento que evaporam feito fumaça, ele decide "procurar emprego." Como se ainda fosse possível acreditar nessa expressão tão carregada de otimismo. Porque, convenhamos, hoje em dia ninguém "procura" um emprego – emprego, no Brasil, é como ouro de tolo, uma miragem que surge no deserto da burocracia e desaparece na primeira rodada de entrevistas. Primeiro, ele abre o site de vagas e encontra ali um mar de anúncios. Mas em cada uma delas, um problema distinto. "P

Os Homens Cautelosos do Século XXI: Covardes ou Apenas Protagonistas de uma Crônica Inacabada?

 Ah, os homens do século XXI. Que trágico espetáculo de hesitação e covardia. São como leões sem rugido, prontos para se acomodar na sombra, enquanto o mundo avança, e eles, por sua vez, permanecem paralisados pelo medo da rejeição e da falha. E, nesse emaranhado de inseguranças, esquecem-se de que o verdadeiro heroísmo não está em nunca errar, mas em lutar por aquilo que realmente importa.  Penso, então, em São José, o patrono dos trabalhadores, o homem que, em meio a incertezas e desafios, teve a coragem de agir. Quando o anjo apareceu em seus sonhos, trazendo a notícia de que sua amada estava grávida pelo Espírito Santo, José poderia ter recuado, poderia ter se deixado levar pelo medo da opinião alheia, pelas dúvidas que afligem a alma de qualquer homem. Mas ele não fez isso. Ele ouviu, acreditou e decidiu agir. E é essa atitude que muitos homens de hoje parecem ter esquecido.  José não hesitou. Ele não se escondeu atrás de desculpas. Ao contrário, ele se levantou, tomou sua família

Crítica: A Pureza e o Perverso: Uma Aventura de Amores e Outras Loucuras

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  Imagine-se, caro leitor, entrando no cinema com a expectativa de assistir a uma comédia romântica leve, despretensiosa, dessas que a gente vê com um copo de refrigerante numa mão e a outra já pronta para o pote de pipoca. Pois bem, "Totalmente Selvagem" começa assim, com ares de leveza e doçura, como um beijo na testa. Temos Charles Driggs, um homem respeitável, com o terno bem passado, a gravata justa e a alma pendurada em uma parede cinza. E temos Lulu, com seus olhos faiscantes, o cabelo indomável, e o jeitão de quem diria "sim" a tudo o que a vida oferece. Ora, mas o cinema de Jonathan Demme não é um romance qualquer, não senhor! O que ele nos dá é um espelho, e o que se reflete ali não é nada menos do que a alma aflita do ser humano moderno, essa criatura que vive se agarrando a desejos e medos e, no fundo, não sabe o que fazer com nenhum deles. Como diria nosso estimado Machado de Assis, “o coração humano é a própria comédia, com lágrimas e risos misturados”

Crônica: O Desespero de Quem Busca o Amor em Tempos Líquidos

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Há algo de trágico e desesperado na busca moderna pelo amor. Vivemos em um mundo onde a solidão se tornou a regra e não a exceção, mas o que mais se vê por aí são sorrisos falsos e frases de autoajuda. "Eu me amo", "Eu me basto", dizem, como se o eco vazio dessas palavras preenchesse o abismo emocional em que nos afundamos. Ah, a mentira da autossuficiência... Ninguém se basta! Quem diz o contrário mente, mente para si, mente para os outros. Afinal, de que adianta repetir que se ama se, na calada da noite, o travesseiro é molhado de lágrimas? Eu, que andei por essas estradas tortuosas, confesso que durante muito tempo não compreendi o que estava errado. Relacionamento após relacionamento, todos ruíram, e eu ficava à deriva, buscando explicações. Foi só na confissão, em uma conversa com o padre, que tudo começou a se clarear. "Você precisa se amar mais", ele disse. Ir ao cinema sozinho, me redescobrir. Mas será que a resposta está mesmo nessa solidão volunt

Coringa: A Tragédia do Homem Sem Deus

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Coringa  (2019) se passa na Gotham City dos anos 1980, uma cidade afundada no caos e na miséria, onde Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) tenta sobreviver como palhaço e aspirante a comediante. Ele sofre de problemas mentais, enfrenta o descaso da sociedade e é constantemente humilhado e maltratado. Sua vida começa a desmoronar completamente, levando-o a um colapso psicológico que o transforma no vilão que conhecemos. O filme, dirigido por Todd Phillips, explora o nascimento do Coringa como uma figura trágica e aterrorizante, abordando questões sociais e psicológicas com uma brutalidade crua.  Já Coringa 2: Folie à Deux  (2024) promete continuar essa narrativa, mergulhando ainda mais fundo na psique perturbada de Arthur Fleck. O filme, novamente dirigido por Phillips, introduz Lady Gaga no papel de Harley Quinn, a psiquiatra que se apaixona por Arthur e eventualmente se torna sua cúmplice. Aqui, vemos a escalada do Coringa de uma figura marginalizada para uma espécie de ícone messiânico ent

Coringa 2: O Renascimento do Riso ou a Continuação da Tragédia?

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Se havia dúvidas sobre a capacidade de Todd Phillips em dar continuidade à obra-prima que foi Coringa, agora essas incertezas se dissipam diante da expectativa que se forma ao redor da sequência. O que esperar, então, de *Coringa 2*? Uma continuação que nos promete não apenas um aprofundamento no personagem de Arthur Fleck, mas também uma reflexão ainda mais acentuada sobre os abismos da condição humana em um mundo que parece cada vez mais indiferente à dor alheia. A primeira obra já nos brindou com uma viagem angustiante pela psique de um homem que se transforma em ícone de uma sociedade caótica. Agora, com a proposta de expandir essa narrativa, Coringa 2 pode ser uma oportunidade para explorar o impacto do próprio Coringa no mundo ao seu redor e, quem sabe, em sua própria essência. Uma reflexão sobre a linha tênue entre a sanidade e a loucura, entre o riso e o choro, que se desenrola sob o peso de um passado sombrio e de uma busca desesperada por identidade e aceitação. Uma questão q