Predador 2018: Irregularidade, galhofa e terror.

Quando assisti o primeiro predador de 1987 eu era uma criança impressionável e obviamente foi um filme que me marcou muito. O ritmo de suspense colocado no filme junto com a "porradaria" clássica da década de 80 deixou todos os fãs de terror/ficção científica muito felizes.
Isso com certeza colocou o personagem alienígena do predador entre os maiores vilões do cinema juntamente com Alien, Chucky, Jason, Mike Meyers e Fred Krueger. Pois considero o predador um tipo de slasher, apesar do mesmo não estar nessa categoria para o cinema de gênero.
O acerto dessa franquia foi colocar um personagem forte, quase indestrutível, para bater de frente com um dos nomes mais importantes de filme de ação que é Arnold Schwarzenegger. O predador de 87 é quase que um "Comando para matar" com alien. Lutar com um inimigo não humano, capaz de se camuflar, disparar raios, lanças etc foi uma sacada muito esperta dos roteiristas para demonstrar a ineficiência e a pequeneza do ser humano.
Digo tudo isso para justificar minha visão em relação ao PREDADOR de 2018: o filme, apesar de contemporâneo, remete a essa vibe oitentista de tiro, soco e bomba aliado a um humor cheio de sacadas irônicas e frases de efeito que são bem típicas de filmes dos anos 80 e 90 com Van Damme, Stallone, Arnold e tantos outros fortões que, normalmente sozinhos, davam conta do recado.
A diferença deste filme de 2018 é dar mais presença de tela para diferentes personagens, ainda que de forma não muito profunda, incluindo nessa deixa uma mulher e uma criança.
Para os fãs ardorosos da franquia como eu satisfaz a presença do gore, dos efeitos práticos misturados aos efeitos especiais com o destaque para o ultimate predator, uma mistura genética do predador que teoricamente deveria ser o guerreiro perfeito.
Shane Black, o diretor do filme, esteve presente como ator e coroteirista do primeiro. O que dá um certo nível de autoridade ao diretor pelo conhecimento da saga, que leva em conta o primeiro e o segundo para ser uma continuação. Apesar dos filmes Alien x Predador e Predadores de 2010, o de 2018 esquece um pouco destes ruins para se tornar um meio termo da franquia.
O que este filme tem de novo? SPOILER daqui pra baixo:
Transformar os humanos em uma espécie de homem de ferro para conseguir combater as ameaças do predador pode soar como uma solução surpreendente e inovadora, pois a franquia tinha que caminhar para algum lugar ao invés de só mostrar o predador matando humanos. Entretanto, os minutos finais de predador não me convenceram e nem me animaram muito. Pois o legal do personagem é justamente sua grandeza em técnicas de caça e luta em relação aos humanos.
Toda ameaça alienígena em filmes de terror tem que ser melhor e maior do que a força e a tecnologia humana, se não seremos sempre uma raça superior que, no cinema, leva a esse raciocínio de que o homem pode superar suas barreiras e sempre está no topo da cadeia alimentar e de força para conquistar qualquer ambiente.
Acho que faltou levar o filme para o espaço, mostrar o planeta dos predadores, sua cultura, brigas internas ou qualquer coisa que remetesse a uma inovação da franquia quanto ao próprio predador e não em relação à nossa sociedade. Dar uma armadura para um ser humano lutar com o predador torna ele um super herói, como dito antes, e nos faz torcer para o humano e não o alien. Nesse ponto acredito que deveria ser justamente o contrário: o predador é supremo e sempre ganhará de nós.
Portanto Predador 2018 é irregular mas divertido. Cheio de galhofa quando junta um grupo de lutadores/militares para combater o predador, dando a eles um tom bem mais de humor do que de testosterona e músculos como foi no primeiro. Focar nas loucuras dos humanos tira a tensão de lutar contra um personagem que tem toda a tecnologia para nos vencer facilmente.
O humor, nesse caso, funciona em algumas cenas, mas exageradamente, como está no filme, acaba tirando a força que o Predador dá ao filme no quesito medo, suspense e gore.
Nota 6.5. Vale a pena ir ao cinema? Sim. Mas considere que este novo filme não inova muito a franquia.
Menção desonrosa: os PREDADOGS são uma das coisas mais inúteis e esquecíveis nesse filme. Matam muito pouco e não contribuem em nada para a história caminhar. Podiam ter focado no predador clássico ou no próprio ultimate, que é muito grande e mete medo. Mais uma chance perdida de um filme B de terror trash se tornar maior do que poderia ser.