Por que ter filhos virou um ato de rebeldia conservadora — e o que isso revela sobre nossa crise social
Em um mundo onde a taxa de natalidade despenca e a fé na família tradicional é vista com desconfiança, ter filhos — especialmente muitos — tornou-se, paradoxalmente, um gesto contracultural. Essa é a provocação central do artigo de Madeleine Kearns, publicado em 26 de abril de 2025, que analisa por que conservadores e religiosos estão liderando uma espécie de “resistência pró-natalidade” em meio ao colapso demográfico do Ocidente.
📉 A crise da natalidade: um colapso silencioso
Nos Estados Unidos, a taxa de fertilidade caiu para 1,6 filho por mulher — bem abaixo do nível de reposição populacional (2,1). Esse fenômeno, conhecido como “birth dearth”, afeta diretamente a sustentabilidade de sistemas como a Previdência Social, escolas e universidades, que enfrentam dificuldades para preencher vagas. A sociedade, estruturada como uma pirâmide onde os jovens sustentam os mais velhos, vê sua base erodir rapidamente.
👩👧👦 A resposta conservadora: fé, família e propósito
Enquanto muitos evitam a parentalidade por razões econômicas ou ideológicas, um grupo de mulheres conservadoras e religiosas nos EUA escolhe conscientemente ter famílias numerosas. Segundo a economista Catherine Pakaluk, essas mulheres veem na maternidade uma missão espiritual e um antídoto contra o individualismo moderno. Para elas, a família é uma escola de virtudes, onde se aprende a compartilhar, tolerar diferenças e viver para além de si mesmo.
🧠 A crítica
Nelson Rodrigues já alertava para o “complexo de vira-lata” e a vergonha da tradição que assola o brasileiro médio. Para ele, a degradação da família e da fé era sintoma de uma sociedade que trocou o sagrado pelo efêmero. Por sua vez, denunciava a engenharia social que visa destruir os pilares da civilização ocidental — Deus, pátria e família — substituindo-os por um hedonismo estéril e uma cultura de ressentimento.
📊 Estatísticas alarmantes
- Em países desenvolvidos, a taxa de fertilidade está abaixo do nível de reposição populacional, com os EUA registrando 1,6 filho por mulher.
- A média de filhos por mulher com ensino superior é significativamente menor do que entre aquelas com menor escolaridade.
- A proporção de nascimentos fora do casamento aumentou, especialmente entre mulheres com menor nível educacional.
🔄 A inversão de valore
Em uma cultura que glorifica o sucesso individual e a liberdade irrestrita, a maternidade é frequentemente vista como um obstáculo. No entanto, como observou Dostoiévski, “sem Deus, tudo é permitido”. A ausência de valores transcendentais leva ao niilismo e à perda de sentido, tornando a vida familiar uma das poucas fontes de propósito duradouro.
🛠️ Soluções possíveis
- Resgate cultural: Valorizar a família como instituição fundamental para a coesão social e o desenvolvimento humano.
- Políticas públicas: Implementar incentivos fiscais e sociais para famílias com filhos, reconhecendo seu papel na sustentabilidade da sociedade.
- Educação moral: Reintroduzir no debate público a importância de valores como responsabilidade, altruísmo e compromisso.
🧭 Conclusão
Ter filhos deixou de ser apenas uma escolha pessoal para se tornar um ato de resistência contra uma cultura que despreza a tradição e o sacrifício. Como diria Nelson Rodrigues, “a família é a única revolução que presta”. Em tempos de crise, talvez seja hora de redescobrir essa verdade esquecida.
Comentários
Postar um comentário