O Banquete dos Esquecidos: A Miséria que Reflete Nossa Decadência
Vivemos tempos estranhos. As ruas, antes caminhos de encontros e ideias, tornaram-se cemitérios vivos. Corpos jogados nas calçadas, almas esquecidas, mãos estendidas implorando por esmolas. Moradores de rua não são apenas um símbolo da pobreza material; eles representam o colapso moral e espiritual de uma sociedade que perdeu o sentido de propósito.
O que está acontecendo? A pergunta não é sobre economia, mas sobre o espírito. Como já adverti em meus escritos, a pobreza extrema não é apenas uma consequência da falta de dinheiro. Ela é, acima de tudo, o reflexo de uma civilização que rejeitou Deus e se entregou ao vazio. Porque onde o homem se distancia da verdade, o caos prospera.
Os moradores de rua são as vítimas mais evidentes dessa desordem. Eles não estão ali apenas porque lhes faltam casas ou empregos. Estão ali porque nossa sociedade se recusa a oferecer-lhes um lugar no mundo. Em nome de uma falsa compaixão, toleramos sua presença, mas os abandonamos. Oferecemos esmolas para calar a consciência, mas não lhes oferecemos dignidade.
E o alimento? Ah, o alimento. Não é apenas pão que lhes falta. Falta o alimento da alma, aquele que dá sentido à existência. Falta uma cultura que ensine que a vida tem um propósito, que existe algo maior do que o mero prazer momentâneo ou a acumulação de bens. Falta uma civilização que entenda que a caridade não é uma obrigação do Estado, mas uma virtude individual.
O problema, é claro, vai além das ruas. Está na própria estrutura mental do homem moderno, que rejeita a transcendência e idolatra o material. Criamos um mundo onde o consumo é o novo sacramento, e o resultado é que aqueles que não conseguem consumir são descartados. Como já disse G.K. Chesterton, “quando se abandona Deus, o governo se torna Deus”. E quando o governo falha – como sempre falha –, os mais fracos são deixados para trás.
E ainda, nas calçadas, o drama humano persiste. Quem passa por eles, apressado, finge que não vê. E por quê? Porque olhar para eles é reconhecer o próprio fracasso. É admitir que a sociedade, com toda a sua tecnologia e progresso, não conseguiu resolver o problema mais básico: o que fazer com o ser humano?
O que está acontecendo, enfim? Estamos colhendo os frutos de um mundo que transformou pessoas em números, caridade em políticas públicas e amor ao próximo em hashtags vazias. Os moradores de rua são, no fim, o espelho da nossa decadência. E enquanto continuarmos desviando o olhar, fingindo que o problema é apenas deles, estaremos nos condenando a viver em uma civilização cada vez mais desumana.
A solução? Não está em políticas ou programas governamentais. Está em cada um de nós, no resgate do senso de dever moral e na redescoberta da verdade eterna. Porque, enquanto continuarmos alimentando o corpo e esquecendo a alma, estaremos apenas adiando o inevitável colapso.
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