O Bem Mais Preciso: Uma Elegia ao Tempo Perdido
Por um instante, feche os olhos e imagine: se a ampulheta da vida pudesse ser virada, o que você faria diferente? Para muitos, essa pergunta é apenas retórica, mas para aqueles na fila da morte, ela se transforma em um lamento, um eco profundo de arrependimentos. É sobre o tempo, o bem mais precioso que temos, que esta crônica se debruça.
Os homens, como bons tolos que são, gastam seus dias correndo atrás do que não importa. Trabalham horas insalubres para comprar aquilo que não precisam. Discutem por vaidades que não lembrarão no ano seguinte. Apaixonam-se pelas pessoas erradas e ignoram as certas. Vivem, mas não sentem a vida. Tudo enquanto o relógio – impiedoso e insensível – avança com o ritmo de um carrasco que não se atrasa para a execução.
Certa vez, realizaram uma pesquisa num asilo, lugar onde as rugas contam histórias e o silêncio grita mais que as palavras. Perguntaram aos idosos, muitos à beira do último suspiro, do que mais se arrependiam na vida. A resposta não era sobre dinheiro, sobre conquistas ou amores perdidos. Não. Eles se arrependiam do tempo que gastaram com bobagens.
“Eu perdi anos de vida assistindo novelas ruins, brigando com minha irmã por herança, remoendo mágoas que não serviam para nada”, confessou uma senhora de olhos opacos, já sem brilho. “Se eu pudesse voltar no tempo, diria ‘eu te amo’ mais vezes. Faria aquela viagem. Riria de mim mesma. Mas agora... agora é tarde.”
com seu faro para a alma humana, diria que o homem é uma contradição ambulante: sabe que vai morrer, mas vive como se fosse eterno. Enquanto, sempre ácido, nos lembraria que o tempo perdido não é apenas desperdício, mas também cumplicidade com a mediocridade.
A verdade é que ninguém se arrepende de ter amado demais, mas de ter amado pouco. Ninguém lamenta ter errado em busca de um sonho, mas de nunca ter sonhado. O tempo, esse algoz sutil, não perdoa o atraso dos medíocres nem a preguiça dos conformados.
Olhe ao seu redor. Quantas horas você gastou hoje com futilidades? Em redes sociais, em discussões banais, em procrastinação? O tempo perdido jamais será devolvido, como o rio que corre e nunca retorna à nascente.
Então, da próxima vez que se pegar desperdiçando minutos preciosos, lembre-se: o amanhã é uma ilusão. A ampulheta da vida não tem botão de reinício.
E talvez, só talvez, ao entender isso, você não precise lamentar na fila da morte.
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