O Casamento Arranjado - O Último Refúgio da Humanidade Perdida

Nos dias de hoje, o amor tornou-se uma caricatura de si mesmo. Não há mais poesia no olhar, nem rubor nas faces. O que há é uma liquidez emocional que engole os incautos. Estamos diante de uma geração que troca a eternidade de um "sim" pela efemeridade de um "swipe". Tudo é descartável, até os sentimentos mais profundos.  

Em outros tempos, mais santos e mais pecadores, o casamento era um pacto selado com o suor dos pais e o pragmatismo das famílias. Era arranjado, claro, mas havia algo de profundamente lógico, quase científico, nesse pragmatismo ancestral. O pai olhava o dote; a mãe, o caráter. Amor? Isso vinha depois. E, pasmem, quase sempre vinha.  

Hoje, vivemos a tragédia do afeto moderno, onde o amor é um contrato de prestação de serviços, com cláusulas de satisfação imediata. As pessoas se jogam em relacionamentos com a mesma leviandade com que escolhem um prato no menu: "Se não gostar, peço outro". E quando não encontram o que buscam, dizem que estão "cansadas do amor". Cansadas do quê? Do que nunca tentaram de verdade?  

E aí surge a proposta revolucionária: resgatar o casamento arranjado. Sim, aquele mesmo, o famigerado arranjo familiar, a última esperança para uma sociedade que não sabe mais amar. "Mas isso é retrógrado!", dirão os progressistas de plantão. Talvez. Mas há algo de sublime em delegar aos pais e às famílias a tarefa de escolher o futuro. Eles, que têm mais experiência, mais sabedoria, sabem o que realmente importa.  

A verdade, meus amigos, é que o amor moderno falhou. Falhou miseravelmente. Está na hora de tirarmos o romantismo das mãos de poetas fracassados e entregá-lo aos contadores, aos matemáticos, aos pais preocupados com o futuro dos netos.  

KPorque, no fundo, o amor não é sobre flores, juras ou pôr do sol. O amor é um contrato, e um contrato precisa de estabilidade. Se continuarmos nessa rota de autossabotagem emocional, a única solução racional será devolver o amor às mãos firmes de quem sabe o que está fazendo.  

E, talvez, nesse retorno ao passado, reencontremos o que perdemos: a segurança de um lar onde o amor nasce, cresce e amadurece, sem pressa, sem desespero. Afinal, o casamento arranjado não é o fim da liberdade, mas o começo de uma nova lógica afetiva: amar o que se constrói, e não o que se consome.

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