Molly Ringwald fala sobre cenas de assédio sexual e machismo em Clube dos Cinco


Em um ensaio recente na The New Yorker, a atriz Molly Ringwald relembrou seus filmes de sucesso sob o comando de John Hughes e apontou algumas características que a incomodaram quando ela reassistiu aos longas.
Ringwald explica que assistiu a Gatinhas e Gatões e Clube dos Cinco pela primeira vez com sua filha e notou algumas cenas problemáticas nos longas — que vão desde cenas de assédio sexual até a estereótipos ofensivos.
Ela relembra que Bender (Judd Nelson) levanta a saia de Claire, sua personagem em Clube dos Cinco, e que essa cena a deixou desconfortável, além de pensativa por semanas. A atriz ainda aponta que ele sexualiza Claire na maior parte do filme e ainda “desconta” seus problemas nela.
Eu consigo ver agora, que Bender assedia sexualmente Claire ao decorrer do filme. E quando ele não está sexualizando ela, ele desconta sua raiva nela com um desprezo cruel, chamando-a de patética e “queenie”. É a rejeição que inspira seu comportamento… e ele nunca se desculpa por essas coisas, mas mesmo assim ele consegue a garota no final.
Além disso, Molly revela que fez John Hughes cortar uma cena machista do filme, que envolvia a professora de educação física nua na piscina da escola que era espiada pelo professor Sr. Vernon.
Havia uma cena em que uma professora atraente de educação física nadava nua na piscina da escola conforme o Sr. Vernon, o professor encarregado de cuidar da detenção dos alunos, espiava ela. Essa cena não estava no roteiro original quando eu li, mas John quis colocar e eu pedi para ele deletar ela. Ele a cortou e acredito que o filme fica melhor sem essa cena.
Ringwald ainda conta que ficou incomodada com a quantidade de palavras pejorativas como “fag” e “faggot” em Clube dos Cinco, que são “jogadas o tempo inteiro no longa”.
Além disso, a atriz também diz que o estereótipo “grotesco” representado em Long Duk Dong de Gatinhas e Gatões também é algo a se prestar atenção.
Apesar de perceber as características que a incomodaram, a atriz diz que tem orgulho de ter trabalho com Hughes e de todas suas parcerias, mas que os filmes não devem deixar de serem analisados sob um contexto contemporâneo — ainda mais depois das inúmeras acusados de assédio sexual no ano passado e o crescimento de movimentos como o #MeToo.
Eu pensei sobre isso tudo no último outono, depois de várias mulheres se manifestarem sobre acusações de assédio sexual contra o produtor Harvey Weinstein e o movimento #MeToo ganhar mais visibilidade. Se as atitudes em relação à subjugação feminina forem sistêmicas, e acredito que sejam, é lógico que a arte que consumimos e sancionamos desempenha algum papel no reforço dessas atitudes.
Ringwald conclui seu ensaio dizendo que ela espera que os filmes de Hughes prevaleçam e que “dependerá das futuras gerações descobrirem” como analisar eles — você pode conferir a matéria da atriz completa no The New Yorker.

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