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Mostrando postagens de outubro, 2024

O Sublime e Terrível Mistério da Mulher

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É preciso começar com uma verdade amarga e inescapável: ninguém jamais entenderá completamente uma mulher. Aquele que diz que a decifrou mente para si mesmo ou, pior, engana-se na ilusão de que pode controlar o imponderável. A mulher, com suas múltiplas faces, é uma obra de arte inacabada, pintada com as cores da santidade e do pecado, da doçura e da brutalidade. Como o mar, ela se oferece e se esconde, deixa-se ver e depois se recolhe. E o homem que entra nesse universo precisa saber que navega em águas perigosas e divinas. A mulher não é um enigma para ser resolvido; é uma viagem para ser feita. Ela testa, provoca, subverte. Um sorriso dela pode iluminar a vida de um homem, mas basta um olhar de desdém para fazê-lo sentir-se como um inseto esmagado. Não se iluda, amigo: ela conhece as fraquezas de cada homem, e às vezes, ao testá-lo, parece se divertir com as respostas que recebe. Não é crueldade; é uma lição silenciosa. A mulher, em sua essência, quer saber se ele é digno, se pode l

O Cansaço Crônico do Homem Moderno

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O homem moderno não anda, ele arrasta. Já não acorda, ressurge. E nem respira – apenas se esforça. É uma multidão de almas exaustas, uma procissão de vivos que mais parecem mortos. O brasileiro, antes vigoroso como um cavalo solto no campo, agora se debate como um passarinho preso. Aonde foi parar o ânimo, o fogo de viver? Hoje, todos estão cansados. Da senhora com sacolas na mão ao executivo engravatado; da moça de salto alto ao garoto de mochila. Ninguém mais tem tempo, ninguém mais tem alma. E o mais incrível, o mais absurdo: todos aceitam essa rotina de zumbis com um estranho orgulho, como se o cansaço fosse uma medalha. Basta perguntar “como vai?” e lá vem a resposta: "Ah, estou exausto". Exaustos, sempre exaustos. Esse é o lema do século. O cansaço, meus caros, é o novo "status" – se você não está cansado, é porque não fez nada. Porque quem faz, quem luta, quem "vive" está sempre cansado. E assim seguimos, a glorificar nossa própria fadiga, como se f

A Guerra dos Justos e dos Indiferentes

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Se hoje, no Brasil, alguém erguer a cabeça e prestar atenção, verá que a luta entre patrões e empregados não é uma batalha entre opostos, mas um campo minado de mal-entendidos, falta de discernimento e, acima de tudo, de ausência de propósito comum. A cada esquina, há um chefe que pensa que mandar é o mesmo que oprimir, e um empregado que acredita que servir é o mesmo que se submeter. Patrões e empregados tornaram-se inimigos declarados – não por suas diferenças, mas pela falta de qualquer desejo em comum que os una. Uma guerra fria, sem propósito, sem glória, onde os únicos perdedores são eles mesmos. Nesse cenário, a *Doutrina Social da Igreja*, uma voz que ecoa com discernimento e compaixão, nos alerta sobre os perigos dessa luta sem sentido. Na "Quadragesimo Anno", Pio XI afirma: "A economia e as relações de trabalho não podem ser reduzidas a uma mera relação de compra e venda, onde o homem é reduzido a uma mercadoria. Toda relação humana deve ser fundamentada na jus

Crônica: Castelo Rá-Tim-Bum e o Brasil das Fachadas

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  Ah, meus amigos, o “Castelo Rá-Tim-Bum”! Esse monumento à imaginação, esse colosso de fantasia e inteligência, ergueu-se na TV brasileira como um protesto silencioso contra a burrice e o desleixo. Onde mais um rato falante podia nos ensinar ciências e um bruxo desajeitado fazia magia sem humilhar a inteligência de ninguém? Era um Brasil que ainda sabia contar histórias, que ainda tinha vergonha na cara. O "Castelo" não subestimava a criançada, nem despejava narrativas vazias com rótulos de educativas. Ali havia história, havia criação, havia algo que se podia chamar de arte. E olhem onde estamos agora! Vivemos uma era de fachadas, meus caros. A novela, que já foi a crônica do nosso povo, cheia de amores mal-resolvidos e traições épicas, virou um desfile de personagens sem substância. Peguem, por exemplo, "O Rei do Gado": uma história simples, é verdade, mas impregnada de amor, de luta, de Brasil. A novela era bruta, feita de carne e osso, cheia de gente que amava

Crônica: "A Tragédia do Emprego Moderno: E o Pobre Brasileiro, Perdido Entre Burocracias e Boas Intenções

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Ah, o emprego nos tempos modernos! Eu diria que estamos assistindo a um drama de proporções épicas, tão trágico e paradoxal quanto um clássico grego – mas ambientado nos labirintos do RH e nas filas do SINE. No Brasil, o trabalhador enfrenta um espetáculo kafkiano, onde é cobrado a ser ao mesmo tempo prodígio e conformado, jovem e experiente, obediente e criativo – tudo com o salário de uma nota de três reais. Imagine, então, o pobre diabo. Cansado de se aventurar entre vagas mal pagas e promessas de crescimento que evaporam feito fumaça, ele decide "procurar emprego." Como se ainda fosse possível acreditar nessa expressão tão carregada de otimismo. Porque, convenhamos, hoje em dia ninguém "procura" um emprego – emprego, no Brasil, é como ouro de tolo, uma miragem que surge no deserto da burocracia e desaparece na primeira rodada de entrevistas. Primeiro, ele abre o site de vagas e encontra ali um mar de anúncios. Mas em cada uma delas, um problema distinto. "P

Os Homens Cautelosos do Século XXI: Covardes ou Apenas Protagonistas de uma Crônica Inacabada?

 Ah, os homens do século XXI. Que trágico espetáculo de hesitação e covardia. São como leões sem rugido, prontos para se acomodar na sombra, enquanto o mundo avança, e eles, por sua vez, permanecem paralisados pelo medo da rejeição e da falha. E, nesse emaranhado de inseguranças, esquecem-se de que o verdadeiro heroísmo não está em nunca errar, mas em lutar por aquilo que realmente importa.  Penso, então, em São José, o patrono dos trabalhadores, o homem que, em meio a incertezas e desafios, teve a coragem de agir. Quando o anjo apareceu em seus sonhos, trazendo a notícia de que sua amada estava grávida pelo Espírito Santo, José poderia ter recuado, poderia ter se deixado levar pelo medo da opinião alheia, pelas dúvidas que afligem a alma de qualquer homem. Mas ele não fez isso. Ele ouviu, acreditou e decidiu agir. E é essa atitude que muitos homens de hoje parecem ter esquecido.  José não hesitou. Ele não se escondeu atrás de desculpas. Ao contrário, ele se levantou, tomou sua família

Crítica: A Pureza e o Perverso: Uma Aventura de Amores e Outras Loucuras

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  Imagine-se, caro leitor, entrando no cinema com a expectativa de assistir a uma comédia romântica leve, despretensiosa, dessas que a gente vê com um copo de refrigerante numa mão e a outra já pronta para o pote de pipoca. Pois bem, "Totalmente Selvagem" começa assim, com ares de leveza e doçura, como um beijo na testa. Temos Charles Driggs, um homem respeitável, com o terno bem passado, a gravata justa e a alma pendurada em uma parede cinza. E temos Lulu, com seus olhos faiscantes, o cabelo indomável, e o jeitão de quem diria "sim" a tudo o que a vida oferece. Ora, mas o cinema de Jonathan Demme não é um romance qualquer, não senhor! O que ele nos dá é um espelho, e o que se reflete ali não é nada menos do que a alma aflita do ser humano moderno, essa criatura que vive se agarrando a desejos e medos e, no fundo, não sabe o que fazer com nenhum deles. Como diria nosso estimado Machado de Assis, “o coração humano é a própria comédia, com lágrimas e risos misturados”

Crônica: O Desespero de Quem Busca o Amor em Tempos Líquidos

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Há algo de trágico e desesperado na busca moderna pelo amor. Vivemos em um mundo onde a solidão se tornou a regra e não a exceção, mas o que mais se vê por aí são sorrisos falsos e frases de autoajuda. "Eu me amo", "Eu me basto", dizem, como se o eco vazio dessas palavras preenchesse o abismo emocional em que nos afundamos. Ah, a mentira da autossuficiência... Ninguém se basta! Quem diz o contrário mente, mente para si, mente para os outros. Afinal, de que adianta repetir que se ama se, na calada da noite, o travesseiro é molhado de lágrimas? Eu, que andei por essas estradas tortuosas, confesso que durante muito tempo não compreendi o que estava errado. Relacionamento após relacionamento, todos ruíram, e eu ficava à deriva, buscando explicações. Foi só na confissão, em uma conversa com o padre, que tudo começou a se clarear. "Você precisa se amar mais", ele disse. Ir ao cinema sozinho, me redescobrir. Mas será que a resposta está mesmo nessa solidão volunt

Coringa: A Tragédia do Homem Sem Deus

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Coringa  (2019) se passa na Gotham City dos anos 1980, uma cidade afundada no caos e na miséria, onde Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) tenta sobreviver como palhaço e aspirante a comediante. Ele sofre de problemas mentais, enfrenta o descaso da sociedade e é constantemente humilhado e maltratado. Sua vida começa a desmoronar completamente, levando-o a um colapso psicológico que o transforma no vilão que conhecemos. O filme, dirigido por Todd Phillips, explora o nascimento do Coringa como uma figura trágica e aterrorizante, abordando questões sociais e psicológicas com uma brutalidade crua.  Já Coringa 2: Folie à Deux  (2024) promete continuar essa narrativa, mergulhando ainda mais fundo na psique perturbada de Arthur Fleck. O filme, novamente dirigido por Phillips, introduz Lady Gaga no papel de Harley Quinn, a psiquiatra que se apaixona por Arthur e eventualmente se torna sua cúmplice. Aqui, vemos a escalada do Coringa de uma figura marginalizada para uma espécie de ícone messiânico ent

Coringa 2: O Renascimento do Riso ou a Continuação da Tragédia?

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Se havia dúvidas sobre a capacidade de Todd Phillips em dar continuidade à obra-prima que foi Coringa, agora essas incertezas se dissipam diante da expectativa que se forma ao redor da sequência. O que esperar, então, de *Coringa 2*? Uma continuação que nos promete não apenas um aprofundamento no personagem de Arthur Fleck, mas também uma reflexão ainda mais acentuada sobre os abismos da condição humana em um mundo que parece cada vez mais indiferente à dor alheia. A primeira obra já nos brindou com uma viagem angustiante pela psique de um homem que se transforma em ícone de uma sociedade caótica. Agora, com a proposta de expandir essa narrativa, Coringa 2 pode ser uma oportunidade para explorar o impacto do próprio Coringa no mundo ao seu redor e, quem sabe, em sua própria essência. Uma reflexão sobre a linha tênue entre a sanidade e a loucura, entre o riso e o choro, que se desenrola sob o peso de um passado sombrio e de uma busca desesperada por identidade e aceitação. Uma questão q

Coringa: O Riso da Tragédia na Modernidade e a Falência de Valores

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  O que dizer do Coringa, este espelho distorcido que a sociedade moderna nos apresenta? Um filme que, sob o manto do entretenimento, revela as entranhas do desespero humano, da alienação e da solidão. Todd Phillips nos brinda com uma narrativa que, embora embalada em uma estética atraente, nos confronta com uma realidade que é, no fundo, uma tragédia anunciada. E que tragédia! Arthur Fleck, o protagonista, é um homem à deriva em um mundo que o ignora, que o desumaniza. É uma figura emblemática de nossa era, onde a busca por validação e conexão é sufocada pela indiferença e pelo desprezo. Contudo, ao assistir a essa obra, somos levados a refletir sobre a fragilidade da condição humana, sobre como os valores que sustentam a dignidade da vida estão em colapso. O que nos ensina a visão católica que permeia nossa reflexão? Que a dignidade do ser humano não é negociável e que o amor deve ser a força que nos une, não a raiva que nos separa. A modernidade, com suas promessas de liberdade e in

O Sermão da Meia-Noite: Milagres, Fanatismo e Vampiros na Terra dos Cegos

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  Imagine uma capela perdida em uma ilha, com seus poucos fiéis, mais parecendo um panteão de desesperançados do que uma comunidade de fé. Entra em cena um padre misterioso, que traz consigo não apenas promessas de milagres, mas uma aura sombria, digna de um anticristo travestido de sacerdote. E, como sempre acontece na ficção, a fé miúda e quase morta da comunidade começa a inflamar, como pólvora. Mas cuidado, meus caros! Aqui, o fogo que se acende não é o da fé genuína, mas o das labaredas da cegueira e da perdição. Missa da Meia-Noite quer, com toda a sua sutileza de paquiderme, criticar o fanatismo religioso. Uma crítica batida, já vista em livros de Stephen King e em tantas outras obras, mas com o toque sobrenatural de Mike Flanagan. A série nos empurra, desde o início, para a dicotomia entre fé e racionalidade, como se estivéssemos diante de uma novela maniqueísta. De um lado, o novo padre, Paul, com seu carisma enigmático e milagroso, que em poucos capítulos transforma a capelin

O Desespero de Quem Busca o Amor: Reflexões e Lições

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Eu venho passando por uma sequência de relacionamentos e, por muito tempo, não entendia o que estava acontecendo. Com a graça de Deus, finalmente obtive clareza sobre a situação, algo que chamo de "desespero de pessoas que estão sozinhas, mas querem mostrar que estão felizes". Vemos frases como "eu me amo" e "eu me basto" postadas nas redes sociais com frequência, mas será que essas pessoas estão realmente no caminho certo? Hoje em dia, parece comum que, após apenas quatro meses de namoro, já se queira um relacionamento mais profundo. Mas será que a rapidez é a solução ou seria melhor esperar e amadurecer a relação? No fundo, todos queremos alguém ao nosso lado para dividir problemas, encontrar soluções juntos, ser felizes juntos, enfrentar a tristeza juntos. Como diz o padre na missa: na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe. Entretanto, o processo que mencionei está se tornando cada vez mais comum. As pessoas não estão c

O Martelo de Deus: Um Milagre no Deserto

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Uma Voz nas Sombras não é apenas um filme. É uma provocação divina, um soco nos que duvidam dos milagres. Imagine o cenário: o deserto americano, árido como o coração dos céticos, e, de repente, um operário negro, Homer Smith, aparece como uma espécie de São José moderno, despretensioso, com sua caixa de ferramentas, como quem carrega o próprio destino nas mãos. Ele não sabe, mas está sendo engolido por um enredo que vai muito além da poeira e do concreto. Ele está sendo escolhido. As freiras que o encontram são, à sua maneira, fanáticas. Mas não no sentido pejorativo, como gostam de acusar os que têm fé. São obcecadas por um Deus que elas veem em cada grão de areia. O contraste entre Homer, o homem do presente, do trabalho pago, e as freiras, seres de outro tempo, é evidente. E é aí que o filme se abre como uma ferida espiritual. Homer quer dinheiro, elas oferecem fé. Ele quer liberdade, elas oferecem sacrifício. Ele é o pragmatismo americano, elas são a devoção europeia. Mas, em Uma