O Sublime e Terrível Mistério da Mulher

É preciso começar com uma verdade amarga e inescapável: ninguém jamais entenderá completamente uma mulher. Aquele que diz que a decifrou mente para si mesmo ou, pior, engana-se na ilusão de que pode controlar o imponderável. A mulher, com suas múltiplas faces, é uma obra de arte inacabada, pintada com as cores da santidade e do pecado, da doçura e da brutalidade. Como o mar, ela se oferece e se esconde, deixa-se ver e depois se recolhe. E o homem que entra nesse universo precisa saber que navega em águas perigosas e divinas.

A mulher não é um enigma para ser resolvido; é uma viagem para ser feita. Ela testa, provoca, subverte. Um sorriso dela pode iluminar a vida de um homem, mas basta um olhar de desdém para fazê-lo sentir-se como um inseto esmagado. Não se iluda, amigo: ela conhece as fraquezas de cada homem, e às vezes, ao testá-lo, parece se divertir com as respostas que recebe. Não é crueldade; é uma lição silenciosa. A mulher, em sua essência, quer saber se ele é digno, se pode lidar com o que ela é em sua profundidade e mistério.

No amor, a mulher nunca oferece tudo de uma vez. Para o homem, que é sempre tão literal e ansioso, essa reserva é uma provocação, uma dança sem fim. Ele se entrega e espera o mesmo. Mas a mulher, essa sábia, sabe que o amor pleno não se dá em uma única entrega. Não é possessão, não é domínio. E se um homem acha que tem tudo, que é dono absoluto do coração dela, ah, meu caro, esse homem ainda não conheceu o amor de verdade – apenas a fantasia de um amor.

O erro fatal é tratar a mulher como uma propriedade ou uma ideia. Quem a vê assim não a conhece. A mulher é o detalhe, o segredo, a pausa entre as palavras. É preciso uma sensibilidade rara, uma atenção reverente, para perceber que cada silêncio, cada gesto dela, é um convite e um aviso. Respeite esses sinais, homem, ou estará destinado ao fracasso. Porque, no final, a mulher não deseja um salvador nem um tirano. Ela quer alguém que caminhe a seu lado, que compreenda seu espírito indomável, sem jamais tentar acorrentá-lo.

O homem que entende isso – ou ao menos tenta – é aquele que se arrisca a ser mais do que ele mesmo. É o que não se amedronta diante do mistério e da intensidade dela. Porque uma mulher de verdade, com todo o seu charme e brutalidade, não precisa de uma fortaleza de pedra ao seu lado, mas de um homem que seja ao mesmo tempo forte e vulnerável, que saiba ser herói e, nos momentos certos, um humilde aprendiz.

No fundo, meu caro, amar uma mulher é aceitar que nunca se saberá tudo sobre ela. E é justamente nessa incompletude, nesse jogo entre o sublime e o terrível, que reside a verdadeira grandeza do amor.

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