O Fracasso de Não Tentar: A Tragédia Silenciosa

Na encruzilhada de tantos dramas, onde a vida se desenrola num palco abarrotado de covardias, vejo o homem moderno. Esse indivíduo, que chamarei de “covarde metafísico”, não é um mero hesitante ou tímido, mas alguém que escolheu a rendição como religião. Ele rasteja diante do vestibular, recua diante da garota que sorri no corredor da faculdade, e desiste antes mesmo de começar.  

Esse homem é o produto de sua própria deserção. Quando jovem, sonhava alto, mas trocou seus castelos por barracos emocionais. Dizia: "Tentarei!" Mas, ao primeiro vento contrário, decidiu que não era mais ele quem iria ao fogo. Essa desistência tem um rosto: o do sujeito que, de tanto evitar os riscos, tornou-se um arquiteto do nada.  

Imaginem um eito, um templo humano, onde cada pedra viva somos nós, pessoas habitadas por Deus. Esse templo deveria ser inabalável, mas cada tijolo, ao invés de suportar o peso da vida, treme ao menor sinal de desafio. O homem moderno, que poderia ser casa de Deus, prefere ser barraco de medos e fantasias fracassadas. Ele não enfrenta. Ele se recusa a tentar.  

Ah, como é fácil justificar! “Não era o momento certo.” “Não sou bom o suficiente.” Mas o que ninguém admite é que o verdadeiro inimigo é o medo – essa força miúda que transforma marmanjos em frangalhos emocionais. Já vi o colosso de dois metros tremer diante do franzino que ousou mais do que ele. Não era força, era coragem.  

O medo, meus caros, é um vírus democrático. Infecta ricos e pobres, jovens e velhos, crentes e descrentes. Mas o que separa os vencidos dos vitoriosos é a fé – não aquela fé de missa obrigatória, mas a fé de quem acredita que é um templo de Deus, indestrutível e sublime.  

Eis o mistério: somos templos, e Deus nos habita. Mas, ao invés de nos tornarmos inabaláveis, vivemos na fraqueza da dúvida. O fracasso nunca foi o problema; o problema é a falta de tentativa. Quem tenta e fracassa ainda tem a chance de reconstruir; quem desiste já está demolido antes de começar.  

Ah, meus amigos, o que nos falta não é fome ou oportunidade. Falta-nos ternura. A ternura que acolhe, que aceita e que nos conecta ao outro. O homem moderno, na sua covardia, constrói muros, não pontes. E o resultado é uma solidão que nenhum sucesso profissional ou conquista material pode preencher.  

Que Deus nos dê a coragem de enfrentar o fogo, como aqueles que acreditaram mesmo dentro da fornalha. Que Ele nos lembre que somos casas de Deus, feitos para resistir e persistir. Porque a vida, por mais cruel que pareça, só é vencida por quem ousa.  

E que saibamos, no final das contas, que o céu não é um destino distante, mas um estado de espírito. Ele está onde Deus está – e Deus, meus caros, está em nós.

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