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O Amor que Nunca Chega

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  Ah, meus amigos, o que é mais trágico do que o amor não correspondido? Que fatalidade mais grotesca do que esse beijo que nunca foi dado, essa promessa de felicidade que evapora como fumaça? No palco de nossas vidas, onde todos buscam amor, carinho, um toque sincero — e, claro, aplausos para a peça que escrevemos com o coração — há aqueles que, em vez disso, ouvem o estridente som das portas se fechando na cara. Eles estão destinados a encenar sempre o papel do rejeitado, o coitado que leva a rosa à sua amada e volta com um espinho cravado na alma. Homens e mulheres igualmente caem nessa armadilha do destino. O homem que leva o buquê, esperando um sorriso, e recebe um "não" gelado. A mulher que suspira por alguém que não enxerga seu carinho e segue a vida como se ela fosse invisível. Essas são as almas que caminham pela cidade como náufragos, em terra firme, arrastando o peso de suas rejeições e tentando decifrar onde, afinal, foi que tudo desandou.  E o que se faz com esse...

Crônica: "Se7en: O Sermão de John Doe para uma Sociedade Pecadora"

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"Se7en" (1995), dirigido por David Fincher, é um thriller policial que explora os lados mais obscuros da natureza humana. Na história, os detetives Somerset (Morgan Freeman) e Mills (Brad Pitt) investigam uma série de assassinatos brutais, onde o assassino em série John Doe (Kevin Spacey) usa os sete pecados capitais como inspiração para seus crimes. Cada assassinato é um retrato cruel de um pecado — gula, avareza, preguiça, luxúria, soberba, inveja e ira — conduzindo os detetives a um final tão perturbador quanto profundo. Em seu coração, "Se7en" é uma reflexão sombria sobre o mal, a justiça e as cicatrizes deixadas pela decadência moral. Ah, "Se7en". Um filme que, se fosse exibido durante a missa, faria a congregação cair de joelhos antes da metade. Afinal, um diretor que transforma o pecado em espetáculo, de certa forma, entendeu o poder da Igreja, não? Ali está o filme, o altar de Fincher, e, nele, a confissão de um mundo onde os pecados capitais deixa...

A Forja: Quando o Cinema Visita o Confessionário

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Dizem que o cinema é a vida sem os cortes. Mas, em "A Forja", o que vemos é a vida nos cortejos, naquelas velas acesas do mistério, na penumbra sagrada de uma fé que move montanhas e almas. Se alguém já se perguntou como seria um blockbuster católico, aqui está a resposta: um épico onde o pecado e a redenção se enfrentam em uma arena sem fim, e onde as batalhas não se encerram com o fade-out. A premissa? Um herói — claro, não de capa e espada, mas de joelhos dobrados e cilício à tira colo — que se vê dividido entre o mundo que o cerca e o chamado de algo maior. O roteiro, com aquela cadência que é quase um rosário, vai esculpindo sua luta interna, sua fuga de tentações e quedas. Há um certo rigor na jornada do protagonista que lembra o catecismo dos domingos: o personagem vai sendo moldado, não à imagem do mundo, mas ao reflexo do invisível.  Claro, para o público acostumado aos filmes de heróis que enfrentam vilões com raios de plasma e socos de outro planeta, "A Forja...

Nefarious: O Terror Como Alegoria da Tentação

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Se o diabo fosse brasileiro, ele certamente apareceria em horário nobre, cercado de holofotes e microfones. Mas em Nefarious, o mal não chega a esse nível de estrelismo; ele é mais sutil, quieto, murmurante. Nefarious é um filme de terror que não só explora o sobrenatural, mas também acena com aquele dedo acusador para a sociedade moderna, como quem sussurra: “Vocês acham que sabem o que é mal, mas nem começaram a ver nada.” A trama se desenvolve quase como uma partida de xadrez entre um psiquiatra cético e um condenado à morte que afirma estar possuído. Ora, isso por si só já é uma ironia digna do cinema católico: o homem da ciência versus o homem do abismo. De um lado, a razão contemporânea e pragmática, e de outro, um inferno que carrega um rosário de tentações e manipulações dignas de um confessionário ao avesso. Ali não há explosões, apenas diálogos afiados e perturbadores, como se fosse uma liturgia satânica em que o demônio revela a triste banalidade do mal. No cinema, a tentaçã...

O Santo Evangelho Segundo as Panelinhas: Uma Crônica Sobre a Fofoca nas Paróquias

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Era uma vez uma paróquia que, em vez de pecadores, acolhia personagens de novela. Ah, não se engane, caro leitor, essas não eram figuras devotas saídas de um sermão pastoral. Nada disso. Eram aquelas almas meticulosamente aferradas às pastorais como se fossem acionistas majoritárias de uma multinacional do Espírito Santo. Ninguém entra, ninguém sai. E, se tentar entrar, que Deus te proteja – vai precisar de mais que orações para sobreviver à cerimônia não-oficial do boicote passivo. Pois é, na prática, a paróquia, que deveria ser uma extensão do altar, virou o palco de um reality show daqueles: irmãos sorridentes na frente do padre, mas que, nos bastidores, afinam a língua mais que a própria fé. O boicote é silencioso, mas feroz. A nova-velha estratégia da falsa humildade que disfarça o “não se meta na minha pastoral”. E assim, como uma máquina invisível, as “panelinhas santificadas” se organizam para manter seu círculo fechado. É o chamado círculo de oração... pelo ego. Quem chega com...

Crônica: A Economia de um Filho

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Imaginem, meus amigos, um casal moderno sentado no sofá, ladeado por tabelas, gráficos e uma calculadora. Como quem se prepara para comprar um carro ou decidir o destino das próximas férias, eles fazem contas. Muitas contas. Tudo minuciosamente calculado. Porque hoje, meus amigos, ter filhos virou um investimento, um projeto de retorno incerto, um cálculo de risco. Como um contrato firmado diante da frieza de uma planilha, eles se perguntam: vale a pena?  O mundo mudou e, com ele, a ideia de família. Mas o que me espanta não é a mudança; é o medo econômico de um filho, como se ele fosse uma compra errada, um capricho que escorrega pelos dedos da conta bancária. Eles discutem os números como quem faz contas para uma viagem à lua: fraldas, escolas, brinquedos, médicos, tudo vem listado, desdobrado, analisado, centavo por centavo. E o futuro da humanidade, o coração pulsante da espécie, é desfeito diante da fria exatidão do Excel. Nos velhos tempos, como sabemos, filhos vinham como qu...

O Sublime e Terrível Mistério da Mulher

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É preciso começar com uma verdade amarga e inescapável: ninguém jamais entenderá completamente uma mulher. Aquele que diz que a decifrou mente para si mesmo ou, pior, engana-se na ilusão de que pode controlar o imponderável. A mulher, com suas múltiplas faces, é uma obra de arte inacabada, pintada com as cores da santidade e do pecado, da doçura e da brutalidade. Como o mar, ela se oferece e se esconde, deixa-se ver e depois se recolhe. E o homem que entra nesse universo precisa saber que navega em águas perigosas e divinas. A mulher não é um enigma para ser resolvido; é uma viagem para ser feita. Ela testa, provoca, subverte. Um sorriso dela pode iluminar a vida de um homem, mas basta um olhar de desdém para fazê-lo sentir-se como um inseto esmagado. Não se iluda, amigo: ela conhece as fraquezas de cada homem, e às vezes, ao testá-lo, parece se divertir com as respostas que recebe. Não é crueldade; é uma lição silenciosa. A mulher, em sua essência, quer saber se ele é digno, se pode l...