A Forja: Quando o Cinema Visita o Confessionário
Dizem que o cinema é a vida sem os cortes. Mas, em "A Forja", o que vemos é a vida nos cortejos, naquelas velas acesas do mistério, na penumbra sagrada de uma fé que move montanhas e almas. Se alguém já se perguntou como seria um blockbuster católico, aqui está a resposta: um épico onde o pecado e a redenção se enfrentam em uma arena sem fim, e onde as batalhas não se encerram com o fade-out.
A premissa? Um herói — claro, não de capa e espada, mas de joelhos dobrados e cilício à tira colo — que se vê dividido entre o mundo que o cerca e o chamado de algo maior. O roteiro, com aquela cadência que é quase um rosário, vai esculpindo sua luta interna, sua fuga de tentações e quedas. Há um certo rigor na jornada do protagonista que lembra o catecismo dos domingos: o personagem vai sendo moldado, não à imagem do mundo, mas ao reflexo do invisível.
Claro, para o público acostumado aos filmes de heróis que enfrentam vilões com raios de plasma e socos de outro planeta, "A Forja" parece um exercício de paciência — para muitos, quase uma penitência. Mas eis que surge uma verdade quase cínica: o herói não se forja em músculos e glórias, mas em silêncio e martírio, como quem carrega uma cruz imaginária. Se fosse um herói de Hollywood, ele terminaria num trono dourado; aqui, o ouro é outro. A glória é invisível.
No fundo, "A Forja" é um confessionário cinematográfico: cada cena, uma linha entre o vício e a virtude, cada corte, uma renúncia. E se alguém ainda duvida da influência católica, basta olhar para o enredo que se contorce entre sacrifícios e escolhas duras, como que num sermão visual. Não é só um filme — é uma exortação a um tempo em que heróis ainda eram de carne e osso, feitos de fé e dúvida.
Quem diria que o cinema, um dia, desceria ao altar para comungar com a nossa fraqueza? "A Forja" nos lembra que, no fim, a maior aventura é a alma em combate, lutando para não ser moldada pelo mundo, mas pela chama de algo divino.
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