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O Sublime e Terrível Mistério da Mulher

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É preciso começar com uma verdade amarga e inescapável: ninguém jamais entenderá completamente uma mulher. Aquele que diz que a decifrou mente para si mesmo ou, pior, engana-se na ilusão de que pode controlar o imponderável. A mulher, com suas múltiplas faces, é uma obra de arte inacabada, pintada com as cores da santidade e do pecado, da doçura e da brutalidade. Como o mar, ela se oferece e se esconde, deixa-se ver e depois se recolhe. E o homem que entra nesse universo precisa saber que navega em águas perigosas e divinas. A mulher não é um enigma para ser resolvido; é uma viagem para ser feita. Ela testa, provoca, subverte. Um sorriso dela pode iluminar a vida de um homem, mas basta um olhar de desdém para fazê-lo sentir-se como um inseto esmagado. Não se iluda, amigo: ela conhece as fraquezas de cada homem, e às vezes, ao testá-lo, parece se divertir com as respostas que recebe. Não é crueldade; é uma lição silenciosa. A mulher, em sua essência, quer saber se ele é digno, se pode l...

O Cansaço Crônico do Homem Moderno

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O homem moderno não anda, ele arrasta. Já não acorda, ressurge. E nem respira – apenas se esforça. É uma multidão de almas exaustas, uma procissão de vivos que mais parecem mortos. O brasileiro, antes vigoroso como um cavalo solto no campo, agora se debate como um passarinho preso. Aonde foi parar o ânimo, o fogo de viver? Hoje, todos estão cansados. Da senhora com sacolas na mão ao executivo engravatado; da moça de salto alto ao garoto de mochila. Ninguém mais tem tempo, ninguém mais tem alma. E o mais incrível, o mais absurdo: todos aceitam essa rotina de zumbis com um estranho orgulho, como se o cansaço fosse uma medalha. Basta perguntar “como vai?” e lá vem a resposta: "Ah, estou exausto". Exaustos, sempre exaustos. Esse é o lema do século. O cansaço, meus caros, é o novo "status" – se você não está cansado, é porque não fez nada. Porque quem faz, quem luta, quem "vive" está sempre cansado. E assim seguimos, a glorificar nossa própria fadiga, como se f...

A Guerra dos Justos e dos Indiferentes

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Se hoje, no Brasil, alguém erguer a cabeça e prestar atenção, verá que a luta entre patrões e empregados não é uma batalha entre opostos, mas um campo minado de mal-entendidos, falta de discernimento e, acima de tudo, de ausência de propósito comum. A cada esquina, há um chefe que pensa que mandar é o mesmo que oprimir, e um empregado que acredita que servir é o mesmo que se submeter. Patrões e empregados tornaram-se inimigos declarados – não por suas diferenças, mas pela falta de qualquer desejo em comum que os una. Uma guerra fria, sem propósito, sem glória, onde os únicos perdedores são eles mesmos. Nesse cenário, a *Doutrina Social da Igreja*, uma voz que ecoa com discernimento e compaixão, nos alerta sobre os perigos dessa luta sem sentido. Na "Quadragesimo Anno", Pio XI afirma: "A economia e as relações de trabalho não podem ser reduzidas a uma mera relação de compra e venda, onde o homem é reduzido a uma mercadoria. Toda relação humana deve ser fundamentada na jus...

Crônica: Castelo Rá-Tim-Bum e o Brasil das Fachadas

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  Ah, meus amigos, o “Castelo Rá-Tim-Bum”! Esse monumento à imaginação, esse colosso de fantasia e inteligência, ergueu-se na TV brasileira como um protesto silencioso contra a burrice e o desleixo. Onde mais um rato falante podia nos ensinar ciências e um bruxo desajeitado fazia magia sem humilhar a inteligência de ninguém? Era um Brasil que ainda sabia contar histórias, que ainda tinha vergonha na cara. O "Castelo" não subestimava a criançada, nem despejava narrativas vazias com rótulos de educativas. Ali havia história, havia criação, havia algo que se podia chamar de arte. E olhem onde estamos agora! Vivemos uma era de fachadas, meus caros. A novela, que já foi a crônica do nosso povo, cheia de amores mal-resolvidos e traições épicas, virou um desfile de personagens sem substância. Peguem, por exemplo, "O Rei do Gado": uma história simples, é verdade, mas impregnada de amor, de luta, de Brasil. A novela era bruta, feita de carne e osso, cheia de gente que amava ...

Crônica: "A Tragédia do Emprego Moderno: E o Pobre Brasileiro, Perdido Entre Burocracias e Boas Intenções

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Ah, o emprego nos tempos modernos! Eu diria que estamos assistindo a um drama de proporções épicas, tão trágico e paradoxal quanto um clássico grego – mas ambientado nos labirintos do RH e nas filas do SINE. No Brasil, o trabalhador enfrenta um espetáculo kafkiano, onde é cobrado a ser ao mesmo tempo prodígio e conformado, jovem e experiente, obediente e criativo – tudo com o salário de uma nota de três reais. Imagine, então, o pobre diabo. Cansado de se aventurar entre vagas mal pagas e promessas de crescimento que evaporam feito fumaça, ele decide "procurar emprego." Como se ainda fosse possível acreditar nessa expressão tão carregada de otimismo. Porque, convenhamos, hoje em dia ninguém "procura" um emprego – emprego, no Brasil, é como ouro de tolo, uma miragem que surge no deserto da burocracia e desaparece na primeira rodada de entrevistas. Primeiro, ele abre o site de vagas e encontra ali um mar de anúncios. Mas em cada uma delas, um problema distinto. "P...

Os Homens Cautelosos do Século XXI: Covardes ou Apenas Protagonistas de uma Crônica Inacabada?

 Ah, os homens do século XXI. Que trágico espetáculo de hesitação e covardia. São como leões sem rugido, prontos para se acomodar na sombra, enquanto o mundo avança, e eles, por sua vez, permanecem paralisados pelo medo da rejeição e da falha. E, nesse emaranhado de inseguranças, esquecem-se de que o verdadeiro heroísmo não está em nunca errar, mas em lutar por aquilo que realmente importa.  Penso, então, em São José, o patrono dos trabalhadores, o homem que, em meio a incertezas e desafios, teve a coragem de agir. Quando o anjo apareceu em seus sonhos, trazendo a notícia de que sua amada estava grávida pelo Espírito Santo, José poderia ter recuado, poderia ter se deixado levar pelo medo da opinião alheia, pelas dúvidas que afligem a alma de qualquer homem. Mas ele não fez isso. Ele ouviu, acreditou e decidiu agir. E é essa atitude que muitos homens de hoje parecem ter esquecido.  José não hesitou. Ele não se escondeu atrás de desculpas. Ao contrário, ele se levantou, tom...

Crítica: A Pureza e o Perverso: Uma Aventura de Amores e Outras Loucuras

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  Imagine-se, caro leitor, entrando no cinema com a expectativa de assistir a uma comédia romântica leve, despretensiosa, dessas que a gente vê com um copo de refrigerante numa mão e a outra já pronta para o pote de pipoca. Pois bem, "Totalmente Selvagem" começa assim, com ares de leveza e doçura, como um beijo na testa. Temos Charles Driggs, um homem respeitável, com o terno bem passado, a gravata justa e a alma pendurada em uma parede cinza. E temos Lulu, com seus olhos faiscantes, o cabelo indomável, e o jeitão de quem diria "sim" a tudo o que a vida oferece. Ora, mas o cinema de Jonathan Demme não é um romance qualquer, não senhor! O que ele nos dá é um espelho, e o que se reflete ali não é nada menos do que a alma aflita do ser humano moderno, essa criatura que vive se agarrando a desejos e medos e, no fundo, não sabe o que fazer com nenhum deles. Como diria nosso estimado Machado de Assis, “o coração humano é a própria comédia, com lágrimas e risos misturados”...